domingo, 3 de junho de 2012

A mente em delírios

Há quem faça da ilusão senhora
Sem perceber cativo escravizado por ela
Recorrendo a charlatões
Aguardando o retorno da amada em três dias

Para os tais gato preto é azar
Passar por baixo de escadas nem pensar
O pé de coelho, o talismã e o trevo
São indispensáveis prá que a zebra se vá

Há quem faça da ilusão senhora
Sem perceber cativo escravizado por ela
Certos de que três batuques na madeira
Podem com sucesso isolar o mal

Sem arruda sobre a orelha
Pôr os pés na rua, nem pensar
Na ponta da língua enfileirado pedidos
Aguardam impacientes estrelas cadentes

Feio pipa e a cor do seu papel fino
Que com beleza encobre a armação
A ilusão possui vários vestidos
Um prá cada ocasião... Ilusão, ilusão

Rituais boçais, arsenal inútil
O medo inflamado, a mente em delírios
Sintomas de quem se atira em qualquer direção

Infeliz contrariedade

Confundindo estética com ética
Religiosos julgam-se cristãos
Certamente de um cristianismo
Léguas e léguas de Cristo

Não funcionam na sociedade
Santos são por conta própria

Conjugam o verbo desencarnado
Não aceitam conviver com o comum
Na temporada de caça ao sagrado
Desumanizam-se cada vez mais

Não funcionam na sociedade
Santos são por conta própria

E como se não bastasse
Infeliz contrariedade
Arqueiam a sobrancelha
Nos pondo chifres, rabo e tridente

Braço a torcer

Foi preciso crer sem a autorização da lógica
Descartar o pensamento grego
Pedir misericórdia
Baixar a guarda, abrir as portas, deixar entrar
Quem para o coxo é a cura e não cadeiras de rodas

Entre meu coração está aberto
Mas por favor, não repare na bagunça
Provocada por não dar meu braço a torcer
Por tentar viver sem você